Como é o tratamento de anemia falciforme
A anemia falciforme é uma doença genética hereditária que afeta o formato das células vermelhas do sangue, tornando-as rígidas e em forma de foice (por isso o nome falciforme). Isso pode levar a obstruções nos vasos sanguíneos e a uma série de complicações, como crises de dor aguda, úlceras na pele e maior suscetibilidade a infecções.
Como a cura para anemia falciforme não envolve um método simples de ser realizado, seu tratamento inclui alguns tipos de intervenções com o intuito de prevenir complicações.
O diagnóstico logo nos primeiros meses de vida é fundamental para que o acompanhamento médico e o tratamento adequado sejam iniciados o quanto antes, para garantir a qualidade de vida dos pacientes com a doença.
Confira no artigo a seguir como é o tratamento para anemia falciforme.
Transplante de medula óssea
A cura da anemia falciforme só é possível por meio do transplante alogênico de medula óssea, um procedimento difícil de ser realizado devido a alguns fatores.
Nesses casos, esse tipo de transplante está reservado para pessoas com idade inferior a 16 anos, devido aos riscos de grave toxicidade e morte que pode causar em pacientes com idade superior a essa.
A limitação do procedimento também fica por conta da compatibilidade para doação. O transplante de medula óssea geralmente é realizado por um irmão do paciente, que precisa ser geneticamente saudável.
Como a anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, é difícil que um irmão tenha a doença e outro não.
Sendo assim, apesar de oferecer a única possibilidade de cura para anemia falciforme, o transplante alogênico de medula óssea ainda não é uma opção viável para a maioria dos pacientes diagnosticados com a doença.
Por conta disso, o tratamento mais comum da anemia falciforme fica restrito à prevenção e controle dos sintomas para evitar complicações. Veremos mais sobre esses outros métodos a seguir.
Tratamento para a dor
As fortes dores causadas pela anemia falciforme estão entre os principais e mais recorrentes sintomas da doença.
São resultantes da obstrução causada pelas células em forma de foice, que tendem a se aglutinar e atrapalhar o fluxo de sangue nos vasos sanguíneos.
Isso acontece principalmente nas regiões do corpo onde o sangue flui mais devagar, como nas pernas, braços e pés, em estruturas como ossos e articulações.
Mas, em geral, podem atingir qualquer parte do corpo, já que a obstrução causa a falta de fluxo sanguíneo e oxigênio nos tecidos e órgãos.
Essas dores podem ser intensas e se manifestar em episódios com duração variável, por várias vezes ao ano. Podem também estar associadas ao tempo frio, a problemas emocionais, ao período pré-menstrual, a infecções ou à desidratação.
A desidratação é um fator que merece atenção, já que torna o sangue mais viscoso e precipita as crises de obstrução dos vasos sanguíneos. Por conta disso, muitas vezes é necessário intervir com soro para revertê-la.
O tratamento para essas crises deve envolver o consumo de bastante líquido, remédios analgésicos e anti-inflamatórios para amenizar a dor e repouso.
Caso o indivíduo tenha febre ou perceba o aumento da dor, recomenda-se procurar um médico, de preferência o profissional que já acompanha o seu caso.
Transfusões de sangue
Outro método importante para tratar pessoas com anemia falciforme é a transfusão sanguínea (também chamada de terapia transfusional), que tem o objetivo de reduzir o percentual de células falciformes na corrente sanguínea para elevar a eficácia do transporte de oxigênio.
É indicada em duas frentes: para tratar os problemas agudos relacionados à anemia falciforme que apresentem risco de vida, ou como profilaxia, para prevenir que essas complicações aconteçam ou se desenvolvam.
Em ambos os casos, a transfusão de sangue aumenta o nível de hemoglobina saudável para favorecer o fornecimento de oxigênio e reduz a porcentagem de hemoglobina falciforme para diminuir os riscos de obstrução dos vasos sanguíneos.
As transfusões de sangue em pacientes com doenças falciformes podem ser do tipo exsanguineotransfusão (transfusões de troca) ou transfusões simples (sem remoção de sangue do paciente).
No primeiro caso, o sangue do próprio paciente é removido por meio de sangria, e em seguida é realizada a transfusão das hemácias.
É uma modalidade indicada principalmente para pacientes com as complicações agudas ou crônicas (como acidente vascular cerebral, síndrome torácica aguda e disfunções de múltiplos órgãos), e depende de vários fatores de compatibilidade para ser realizada.
Já a transfusão simples é comumente utilizada quando é preciso recuperar o volume de sangue circulando no corpo e melhorar a capacidade de transporte do oxigênio. Esse método está disponível em emergências hospitalares.
A terapia transfusional é considerada uma ótima opção de tratamento para as complicações da anemia falciforme e até mesmo para salvar a vida dos pacientes.
No entanto, também pode oferecer alguns riscos, como a sobrecarga de ferro no sangue, o aumento da sua viscosidade e até mesmo respostas imunológicas contra o sangue doado, o que pode gerar grandes transtornos ao paciente ou até mesmo a morte.
Cobertura mais completa de vacinação
Pessoas com anemia falciforme estão mais suscetíveis a serem acometidas por infecções, principalmente as crianças. Isso acontece porque a obstrução dos vasos sanguíneos pode gerar danos ao baço, um órgão importante para produção de anticorpos e linfócitos.
Sendo assim, quando o funcionamento do baço fica prejudicado, o corpo perde parte da sua capacidade de proteção e de eliminação de microrganismos não desejados do sangue. Como resultado, a capacidade do corpo de combater infecções fica prejudicada.
O baço, sobretudo de crianças com anemia falciforme, pode sofrer um rápido aumento de tamanho em função do sequestro de sangue causado pelo órgão. Isso pode levar à falta de sangue para outros órgãos importantes, como o cérebro e o coração.
Como essa é uma complicação que envolve risco de vida, exige tratamento emergencial.
Isso explica porque a vacinação é uma das principais prioridades no caso de crianças diagnosticadas com anemia falciforme.
É preciso garantir um calendário diferenciado de vacinação e atenção redobrada às suas condições de saúde, com uma cobertura mais ampla em relação às vacinas para prevenir problemas mais graves (como também é o caso de doenças como meningite e pneumonia).
Dessa forma, indivíduos com anemia falciforme devem manter sua caderneta de vacinação atualizada.
Além das vacinas comuns que são distribuídas às demais crianças, os pequenos portadores da doença também devem receber a vacina anti-Hepatite B, antiPneumococo e anti-Hemofílus.
É por essa razão que a febre é um fator de atenção em pessoas que têm anemia falciforme, já que podem indicar a manifestação de alguma infecção.
Ao primeiro sinal de febre, é preciso procurar o médico que acompanha o caso ou ir até o hospital para obter acompanhamento do seu quadro clínico e garantir que a infecção seja controlada.
Esperamos que este artigo tenha servido para esclarecer todas as suas dúvidas sobre o tratamento de anemia falciforme. Se você gostou, compartilhe-o com outras pessoas que também possam se interessar no assunto.