Como Funciona a Cabeça de uma Pessoa com Alzheimer?
Neste trecho do podcast Papo com Especialista, o geriatra Dr. Paulo Camiz explica como a pessoa com Alzheimer percebe o ambiente ao seu redor — especialmente em situações de baixa iluminação, privação sensorial e abordagens sem preparo. Entenda por que o comportamento agitado pode ser uma reação natural e o quanto o ambiente e a forma de interação impactam a experiência do paciente.
Conheça o trabalho do Dr. Paulo Camiz:
- Site: https://www.ogeriatra.com.br/
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- Agende sua consulta: (11) 98816-5712
Entender o que se passa na mente de uma pessoa com Alzheimer é fundamental para oferecer cuidados mais humanos e eficazes. No episódio #11 do podcast Papo com Especialista, o geriatra e clínico geral Dr. Paulo Camiz compartilhou uma explicação valiosa e sensível sobre como o cérebro de quem vive com Alzheimer percebe o mundo ao seu redor — e por que é tão comum que pacientes apresentem agitação, confusão e mudanças de comportamento.
Um cérebro que não reconhece o presente
Segundo o Dr. Paulo, no Alzheimer, a memória recente é a primeira a ser afetada. Isso significa que o paciente perde a capacidade de formar novas memórias e interpretar o que está acontecendo no momento presente. Muitas vezes, ele não reconhece o ambiente, as pessoas ou o que está à sua volta, especialmente em locais com pouca iluminação ou muitos estímulos desconhecidos.
À noite, por exemplo, quando tudo está mais escuro, essa dificuldade aumenta ainda mais. Isso explica por que é comum que pessoas com Alzheimer fiquem agitadas ou desorientadas nesse período do dia — um fenômeno conhecido como “sundowning”.
Imagine-se em uma festa que você não conhece
Para ilustrar como o paciente se sente, o Dr. Paulo propõe um exercício de empatia:
“Imagine que você chegou sozinho em uma festa rave, onde você não conhece ninguém, o som é alto e o ambiente é confuso.”
Cada pessoa reagiria de forma diferente: alguns ficariam retraídos, outros ficariam irritados ou agitados. O mesmo ocorre com o idoso com Alzheimer diante de um ambiente que ele não reconhece e não compreende.
A influência do ambiente e da abordagem
Muitas vezes, a agitação ou agressividade do paciente não são causadas apenas pela doença, mas pela forma como ele é abordado. Um banho com água em temperatura inadequada, um toque inesperado, ou um quarto pouco iluminado podem ser gatilhos de desconforto e medo.
Além disso, deficiências sensoriais como baixa visão ou perda auditiva intensificam esse quadro. O Dr. Paulo chama a atenção para um cenário comum em internações:
- O paciente tem o aparelho auditivo removido para não ser perdido;
- Os óculos são guardados para não serem danificados;
- E às vezes até a dentadura é retirada.
Nesse contexto, o idoso fica literalmente cego, surdo e mudo, em um ambiente hospitalar desconhecido e, possivelmente, com alguma infecção ou dor. O resultado é quase sempre agitação, confusão e sofrimento.
Por que a empatia é essencial no cuidado?
Muitos profissionais de saúde, familiares e cuidadores não estão treinados para lidar com essas situações, o que dificulta ainda mais a comunicação com o paciente. É fundamental se colocar no lugar da pessoa com Alzheimer, perceber suas limitações e respeitar seu tempo, seus sinais e suas formas de reagir ao mundo.
Como a Família Pode se Adaptar à Realidade do Alzheimer
Conviver com um familiar diagnosticado com Alzheimer é um desafio que transforma a rotina de todos ao redor. Mais do que oferecer cuidados físicos, é necessário reorganizar o cotidiano, rever hábitos e desenvolver uma nova forma de se comunicar com quem enfrenta a doença.
A adaptação da família é fundamental para garantir o bem-estar do paciente e também dos cuidadores. Veja a seguir algumas orientações para tornar esse processo mais leve e eficaz:
1. Reorganize o ambiente físico
Adapte a casa para tornar os espaços mais seguros e previsíveis. Isso inclui:
- Manter os cômodos bem iluminados;
- Retirar tapetes ou móveis que possam causar quedas;
- Etiquetar portas, gavetas ou armários;
- Deixar objetos importantes sempre no mesmo lugar.
Ambientes organizados ajudam a reduzir a confusão e oferecem uma sensação maior de controle para o paciente.
2. Estabeleça uma rotina consistente
Pessoas com Alzheimer se beneficiam de uma rotina estruturada. Repetições diárias nos horários das refeições, banhos e medicações trazem mais segurança emocional e evitam episódios de desorientação. Mudanças repentinas podem aumentar a ansiedade e a agitação.
3. Comunique-se com empatia e paciência
A comunicação deve ser simples, gentil e acolhedora. Fale devagar, use frases curtas e evite correções duras quando houver esquecimentos. Muitas vezes, a forma como dizemos algo é mais importante do que o conteúdo. O tom de voz e a expressão facial transmitem calma ou tensão — e o paciente percebe isso.
4. Divida responsabilidades
O cuidado com uma pessoa com Alzheimer não deve recair sobre apenas uma pessoa. Compartilhar tarefas com outros familiares ou contar com cuidadores profissionais evita sobrecarga física e emocional. Quando possível, crie um plano com responsabilidades distribuídas.
5. Cuide também de quem cuida
A família também precisa de atenção. A exaustão, o estresse e até sintomas de depressão são comuns entre cuidadores familiares. Buscar apoio psicológico, participar de grupos de suporte e manter momentos de descanso são medidas fundamentais para que todos consigam enfrentar o dia a dia com mais equilíbrio.
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