Quem tem anemia falciforme pode ter leucemia?
Como anemia e leucemia são doenças que acometem o sangue, é normal surgirem dúvidas a respeito da relação entre elas. Muitas pessoas se perguntam se um quadro de anemia falciforme pode evoluir e se tornar leucemia ou algum tipo de câncer. Mas será que há algum fundamento nessa suposição?
Neste artigo, veremos qual é a relação entre esses problemas de saúde, e se há realmente a possibilidade da anemia se tornar leucemia. Continue a leitura para saber mais.
A anemia falciforme pode virar leucemia?
Indo direto ao ponto: não, anemia não vira leucemia. Nem se for do tipo falciforme, e mesmo que não seja tratada adequadamente. Não há nenhum risco de anemia falciforme virar leucemia, nem a curto nem a longo prazo.
Mas um quadro de anemia pode sim se desenvolver em decorrência do câncer, o que não acontece com a falciforme, já que essa é uma condição genética e hereditária.
Como a anemia pode ser um dos primeiros sintomas de quem tem leucemia, é normal surgir a dúvida se há alguma relação entre esses problemas de saúde. Isso faz parecer que uma doença causou a outra quando, na verdade, a anemia é apenas um sintoma da leucemia.
A anemia pode se desenvolver por diferentes causas, como deficiência de vitaminas (como ferro e vitamina B12), doenças crônicas (insuficiência renal, doenças reumatológicas), doenças medulares (leucemia, mielodisplasia, mieloma múltiplo) e doenças genéticas (sendo este o caso da anemia falciforme e de talassemias).
Seja qual for o caso, é preciso investigar o que causa a anemia falciforme para determinar qual será o tratamento mais adequado. Continue a leitura para conferir mais informações sobre a leucemia e a anemia falciforme.
Qual a diferença entre anemia falciforme e leucemia?
A anemia falciforme é uma doença hereditária, que acontece em função de uma mutação genética. Ela causa uma alteração nos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, o que dá origem ao nome dessa condição.
Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia, ou seja, quantidade insuficiente de glóbulos vermelhos saudáveis no sangue.
No Brasil, essa condição de saúde está presente em um a cada 1.200 nascimentos, e, por essa alta prevalência, representa um importante problema de saúde pública.
A doença pode ser observada em 8% da população negra, mas também atinge pessoas brancas, indígenas, amarelas ou pardas.
Os principais sintomas da anemia falciforme são dores intensas (provocadas pela falta de oxigenação no sangue), fadiga, dores articulares, feridas nas pernas, palidez e icterícia e maior suscetibilidade a infecções.
Já a leucemia é um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue. A doença surge quando células do sangue sofrem uma mutação ainda na medula óssea, onde são fabricadas, e passam a se multiplicar desenfreadamente e ocupar o lugar das células saudáveis.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, estima-se que surjam 10.800 novos casos de leucemia no Brasil por ano.
Os sintomas da leucemia podem incluir cansaço, perda de peso, infecções frequentes, dores de cabeça e manchas avermelhadas ou roxas na pele.
O tratamento da leucemia geralmente inclui quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea.
A anemia também pode surgir como um sintoma da leucemia ou em decorrência do tratamento, por conta dos efeitos colaterais da quimioterapia.
Tanto as células cancerosas quanto os glóbulos vermelhos se dividem rapidamente, e os quimioterápicos têm ação contra o câncer exatamente por atacarem células que se dividem rapidamente. Assim, podem acabar atacando glóbulos vermelhos também.
Além disso, pacientes oncológicos também podem ter dificuldade para se alimentar, levando a uma falta de nutrientes e, consequentemente, ao surgimento da anemia.
Independente disso, quando a anemia aparece durante o tratamento oncológico, é de suma importância que o paciente tenha acompanhamento médico adequado para tratá-la da maneira correta.
Novamente, vale a pena salientar que esse não seria o caso da anemia falciforme. Como é uma doença genética e hereditária, o paciente já nasce com ela.
Não há o risco de desenvolvê-la posteriormente, independente de outras condições de saúde. Continue a leitura para conhecer mais sobre ela.
Como é o tratamento da anemia falciforme?
A anemia falciforme é caracterizada por uma alteração estrutural nos glóbulos vermelhos, que perdem sua forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice e endurecem.
Isso dificulta a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos, comprometendo a oxigenação dos tecidos.
Esse quadro é causado por uma mutação genética, que é a responsável pela deformidade dos glóbulos vermelhos.
Para ser portador da doença, é preciso herdar dois genes com a mutação, um do pai e um da mãe. Indivíduos que têm apenas um dos genes possuem o chamado traço falciforme.
Ou seja, não possuem a doença, mas podem transmitir o gene responsável por ela para seus descendentes.
O exame específico para o diagnóstico da anemia falciforme é a eletroforese de hemoglobina (que identifica a presença de hemoglobinas anormais no sangue), mas, em bebês, a doença também pode ser detectada pelo Teste do Pezinho.
Esse teste é realizado logo quando a criança nasce, entre o 3º e 5º dia de vida, e é extremamente importante para o diagnóstico precoce dessa e de outras doenças.
A única possibilidade de cura para a anemia falciforme é por meio do transplante alogênico de medula óssea, um procedimento que está longe de ser simples.
Atualmente, ele é reservado para pessoas com menos de 16 anos, devido aos riscos de grave toxicidade e morte para pacientes com idade superior a essa.
Outra limitação fica por conta da compatibilidade para doação, já que, para transplante de medula óssea, geralmente é necessário que o doador seja um irmão geneticamente saudável.
Como essa ainda não é uma opção viável para a maioria dos pacientes, o tratamento da anemia falciforme fica restrito à prevenção e controle dos sintomas para evitar complicações.
A dor é o sintoma mais frequente, ocasionado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos deformados e enrijecidos. É mais comum que acometa os ossos e as articulações, mas podem atingir qualquer parte do corpo.
A duração das crises pode variar, e elas podem ocorrer várias vezes ao ano. Devem ser tratadas com bastante líquido, remédios para dor (como a hidroxiureia, por exemplo) e repouso. Caso tenha febre ou dor intensa, é preciso recorrer ao médico.
Manter o paciente bem hidratado é importante para reduzir os episódios de crise vasoclusiva. Uma maior ingestão de água torna o sangue menos viscoso e melhora sua circulação nos vasos.
Em casos graves, transfusões sanguíneas também podem ser necessárias. E para reduzir o risco de infecções, é importante que o paciente diagnosticado com anemia falciforme seja vacinado contra alguns germes específicos, como Streptococcus pneumoniae, influenza, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B.
Os portadores de anemia falciforme precisam de acompanhamento médico constante ao longo da vida, e quanto mais cedo começar, melhor será o prognóstico. Com o objetivo de sensibilizar a população sobre essa questão, o dia 19 de junho comemora o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme.
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