Cardiologista realizando exames em paciente idoso.
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Risco cirúrgico cardiológico: como funciona, principais exames e critérios para liberação!

O risco cirúrgico cardiológico, ou simplesmente risco cardiológico, é a avaliação da saúde do músculo cardíaco feita antes da realização de uma cirurgia. O exame segue os protocolos desenvolvidos por sociedades médicas de todo o mundo (como ASA, Lee e ACP). Para a avaliação do estado de saúde do paciente, são coletadas informações que servirão de base para o cálculo das probabilidades de complicações cirúrgicas cardiovasculares.

Se você tem dúvidas sobre o risco cardiológico cirúrgico, confira o nosso texto a seguir! Nele, você verá a importância de avaliar o risco, os exames necessários, os procedimentos que necessitam de avaliação e os critérios para a liberação da cirurgia. Confira!

A importância da avaliação do risco cardiológico

A avaliação pré-cirúrgica do risco cardiológico é importantíssima para o sucesso do procedimento. Isso porque ela permite controlar os fatores de risco e a estabilização do paciente durante a cirurgia, além de trazer impactos ao pós-operatório. O risco cardiológico pode, inclusive, predizer se o indivíduo pode ou não se submeter a determinada intervenção e se haverá a necessidade de fazer novos exames para avaliar a situação do paciente.

Os exames realizados na determinação do risco cirúrgico cardiológico

Os exames podem variar a depender do tipo de cirurgia e da idade do paciente. Em geral, eles têm uma validade de 12 meses, sem a necessidade de serem repetidos, caso o procedimento seja adiado por até esse período. Confira os principais exames pré-cirúrgicos a seguir.

Exame clínico (anamnese)

A anamnese é uma “conversa” do médico com o paciente em que o profissional descobre:

  • o histórico do indivíduo (como os antecedentes cirúrgicos — por exemplo, se ele já apresentou reações a anestesias ou medicações cirúrgicas etc.);
  • os sintomas cardiorrespiratórios (falta de ar, dor no peito, desmaio etc.);
  • a idade do paciente (acima dos 70 anos, o risco costuma ser maior);
  • as doenças existentes (diabetes, hipertensão, obesidade etc.);
  • a capacidade funcional (se a pessoa é sedentária ou é ativa);
  • os medicamentos que a pessoa utiliza;
  • os dados sobre os antecedentes familiares;
  • a existência ou não de alergias.

É nesse momento, também, que o paciente informa determinados hábitos, como fumar, ingerir álcool, usar drogas etc. É fundamental ser sincero acerca dessas informações, pois elas consideradas na conduta médica durante e após a cirurgia.

A partir da avaliação clínica, obtém-se o primeiro tipo de classificação do risco, desenvolvido pela Sociedade Americana de Anestesiologistas, a ASA, que varia segundo os tipos a seguir:

  • ASA 1: paciente saudável, sem infecções, doenças preexistentes e não fumante;
  • ASA 2: paciente com doença sistêmica leve (pressão alta e/ou diabetes controlados), obesidade, com mais de 80 anos e saudável;
  • ASA 3: paciente com doença sistêmica severa, mas não incapacitante (infarto há mais de seis meses, insuficiência cardíaca compensada, arritmia cardíaca, angina, cirrose, diabetes ou hipertensão descompensadas);
  • ASA 4: paciente com doença sistêmica incapacitante que ameaça a vida (insuficiência cardíaca severa, infarto há menos de seis meses, insuficiência pulmonar, renal e no fígado);
  • ASA 5: paciente em estado terminal, com baixíssima expectativa de sobreviver por mais de 24 horas, após ter sofrido um acidente grave, por exemplo;
  • ASA 6: paciente com morte cerebral diagnosticada, com o intuito de detectar se a pessoa poderá passar por cirurgia para a retirada de órgãos sem afetá-los.

Como foi possível observar, quanto mais alta a classificação ASA, mais chances há de mortalidade ou de complicações cirúrgicas. Com isso, é preciso avaliar com muito cuidado o tipo de cirurgia requerida, ou seja, se o risco-benefício compensa.

Hemograma

O hemograma é um exame que avalia o estado do sangue do paciente, ou seja, se há anemia, infecções ou outras alterações sanguíneas. Por isso, em geral, todas as cirurgias requerem que ele seja feito.

Glicemia

O teste de glicemia de jejum avalia se o paciente é diabético ou pré-diabético, condições que podem alterar a conduta cirúrgica devido às complicações que podem surgir na cirurgia.

Teste de coagulação

Para as cirurgias em que pode haver perda sanguínea (hemorragia), o teste de coagulação é muito útil, pois ele determina o tempo que o organismo leva para que o sangue coagule — pare o sangramento ou diminua a sua intensidade. As pessoas que usam anticoagulantes (como ácido acetilsalicílico ou medicamentos para rejeições de implantes ou órgãos), que têm insuficiência hepática (do fígado), além de doenças que provoquem sangramento, precisam, obrigatoriamente, fazê-lo.

Dosagem de creatinina

Esse exame mostra se os rins estão funcionando corretamente. Pacientes com doenças renais, insuficiência do coração, hipertensão (pressão alta), diabetes, doenças do fígado, entre outras, precisam dessa dosagem antes de procedimentos cirúrgicos de média e de alta complexidade.

Eletrocardiograma

Outro exame que sempre é pedido, sobretudo em cirurgias de risco cirúrgico médio a alto, é o eletrocardiograma, exame que avalia o ritmo dos batimentos do coração e o funcionamento cardíaco. As pessoas com doenças cardiovasculares, angina (dor no peito) e diabetes descontrolada devem fazer o eletrocardiograma mesmo em cirurgias com risco baixo. Para esses pacientes, o médico poderá solicitar, ainda, um ecocardiograma — uma espécie de ultrassonografia do músculo cardíaco.

Radiografia do tórax

O objetivo da radiografia do tórax é mostrar a anatomia interna torácica, avaliando o estado pulmonar do paciente (se há enfisema, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica etc.), além de desvios na traqueia, cardiomegalias (coração aumentado) e fraturas.

Por isso, quem tem doenças, como enfisema, pacientes com alto risco cardíaco, com múltiplas enfermidades, além de todos aqueles que farão procedimentos cirúrgicos do abdômen ou do tórax, precisam se submeter a um raio-X torácico antes das intervenções.

Teste ergométrico (teste de esforço)

O teste ergométrico, ou eletrocardiograma de esforço, determina a capacidade cardíaca a partir do esforço físico do paciente. Atualmente, eles são divididos em quatro grupos classificados pela combinação entre capacidade funcional (a de realizar esforços em atividades rotineiras) e fatores de risco cardíaco.

O exame não é indicado para pacientes que se submeterão a operações de baixo risco ou para aqueles sem fatores de risco e que passarão por cirurgias pouco invasivas.

Os procedimentos que requerem o risco cardiológico

O tipo de cirurgia a ser realizado também é fundamental, já que, quanto mais demorada e complexa ela for, maiores serão as chances de o paciente vir a sofrer eventos indesejáveis, inclusive o óbito. Confira exemplos de procedimentos e os seus respectivos riscos cirúrgicos:

  • risco baixo: cirurgias superficiais, como as de pele, olhos, mama e tireoide, cirurgias reconstrutivas, entre outras;
  • risco médio: cirurgia de cabeça, pescoço, tórax, abdômen, próstata e ortopédicas, como após uma fratura, bem como os procedimentos de remoção de trombos da artéria carótida (do pescoço) e eliminação de aneurismas da aorta abdominal;
  • risco alto: cirurgias grandes de emergência, transplantes e cirurgias dos vasos sanguíneos grandes, como a carótida ou a aorta.

Os critérios para a liberação da cirurgia

Com base nos dados obtidos, os médicos (cirurgião, cardiologista e anestesista juntos) determinam o risco cirúrgico.

Funciona assim: se o risco for baixo, a cirurgia é liberada; se for de médio a alto, o médico dará orientações, adequará o tipo de intervenção ou solicitará mais exames que possam avaliar melhor o risco cardiológico.

Além disso, quando o procedimento puder ser adiado, o médico recomendará mudanças no estilo de vida da pessoa, como abandonar o tabagismo, emagrecer, melhorar a função cardiorrespiratória com exercícios específicos, entre outras medidas.

O profissional que indica o risco cirúrgico cardiológico é o que será responsável pela realização da cirurgia. Já o médico mais indicado para realizar os testes e analisar os resultados dos exames é o cardiologista, que libera, ou não, o paciente para o procedimento.

Médica cardiologista fazendo atendimento de paciente homem.
O médico responsável pela liberação do da cirurgia é cardiologista.

Por fim, terminada a avaliação, o médico cardiologista faz um laudo informando o risco cirúrgico do paciente perante a cirurgia a ser realizada e propõe medidas complementares ao cirurgião para minimizar a chance de complicações cirúrgicas.

Esperamos ter sanado todas as suas dúvidas sobre risco cardiológico e que, assim, você esteja mais bem preparado para se submeter a algum procedimento cirúrgico.

Agora que você conhece mais sobre o risco cardiológico, compartilhe essas informações importantes com os seus amigos em suas redes sociais!

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