Pessoa organizando simetricamente grãos de milho.
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Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), afetando de 1 a 2,5% da população mundial, está entre as 10 maiores causas de incapacitação segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, afeta cerca de 4 milhões de pessoas somente no Brasil, muito embora este número tende a ser muito maior, devido à falta de diagnóstico e conhecimento sobre a patologia.

Caracteriza-se principalmente por preocupações em excesso, obsessões, pensamentos impróprios ou ruins, rituais, checagem excessiva, medo e hesitação, desconfortos, aflições, sentimento de culpa e até mesmo depressão. Costuma afetar principalmente os jovens no início da vida adulta, no entanto, a patologia pode afetar indivíduos em qualquer fase da vida, atingindo homens e mulheres na mesma proporção.

O Transtorno Obsessivo Compulsivo ou TOC é uma doença mental considerada grave, tendo o seu curso crônico, caso o paciente não receba tratamento, podendo afetar muito negativamente a qualidade de vida da pessoa, além de facilmente poder evoluir para outras patologias mais graves. Dessa forma é fundamental entender os sinais e para ajudar você, nós do BoaConsulta separamos as melhores informações sobre as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento do TOC, continue lendo.

TOC e suas características

As pessoas portadoras de TOC, não possuem apenas manias, mas sim compulsões, obrigando o paciente a realizar atos muitas vezes considerados irracionais, sejam estes físicos ou mentais, com objetivo de promover o alívio da ansiedade e incômodo gerado por pensamentos intrusivos que o paciente não quer ter, mas não possui controle sobre eles.

Estes pensamentos obsessivos podem ser dos mais diversos tipos, por exemplo, o portador que possui um medo extremo de se infectar com doenças ao tocar em dinheiro, pegar em um corrimão de escadas ou pegar algo do chão, levando esta pessoa a lavar as mãos inúmeras vezes, chegando ao ponto de provocar lesões de tanto lavar as mãos ou pessoas que tomam banhos longos chegando passar de 2 ou 3 horas se limpando.

Ilustração comportamento obsessivo.
Dentre os comportamentos obsessivos destacamos a lavagem das mãos e banhos em excesso.

Outro pensamento intrusivo que o portador de Transtorno Obsessivo Compulsivo pode vir a ter, são os de cunho desagradável, como se imaginar machucando alguém ou sexuais, podendo ocorrer até mesmo com membros da família, provocando uma auto-aversão (repulsa), mas este individuo não possui nenhum controle sobre isso.

Outra situação comum, são os chamados “pensamentos mágicos” onde a pessoa acredita que se fizer determinadas ações, pode evitar que coisas ruins aconteçam com sigo ou com pessoas do seu convívio. Essa situação costuma ser um grande incômodo na vida do paciente, pois pautada nesse medo excessivo, esta pessoa deixa de fazer coisas, ir em lugares ou realizar atividades necessárias para sua rotina, por medo de contrair uma doença, morrer ou ser o causador de um acidente, por exemplo.

Consequências dos pensamentos intrusivos

Como consequência desses pensamentos intrusivos, o portador de TOC começa a desenvolver rituais, os chamados atos compulsivos, o mais comum é o de checagem, como conferir se o gás está desligado, verificar se não atropelou ninguém, se o carro está trancado ou se fechou a porta da casa, por exemplo. Tudo isso por medo de causar algum desastre para si ou para terceiros, tornando-se um verdadeiro transtorno na vida da pessoa.

Ou simplesmente o mais conhecido, o paciente com mania de organização excessiva, que tende a querer tudo em simetria, passa horas arrumando sua mesa ou organizando o guarda-roupas. Fato é que não tem problema em ser organizado, mas se você passa tempo de mais e não sobre tempo para tarefas importantes, isso pode ser um problema.

Vale ressaltar, que não necessariamente os pensamentos intrusivos precisam ser presentes, para o desenvolvimento de comportamentos compulsivos, mas que um pode agravar o outro.

É importante sabermos que qualquer pessoa, em algum momento de sua vida pode vir a ter um quadro compulsivo ou comportamentos obsessivos, por isso é muito importante que você conheça a fundo essa patologia, entendendo seus sintomas, causas e como procurar ajuda. Sendo assim, a seguir falaremos um pouco das causas do Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Causas do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

Apesar dos esforços da medicina, ainda não possuímos uma resposta certeira para as causas do Transtorno Obsessivo Compulsivo, no entanto, possuímos algumas possibilidades, das quais norteiam as pesquisas atuais sobre TOC.

Dentre esses fatores, possuímos os de origem biológica, ligado a predisposição genética do indivíduo, alterações funcionais e neuroquímicas cerebrais, e psicológicos, diretamente associados à forma que o paciente aprendeu a lidar com medos e ansiedades. Além disso, tudo  depende da percepção de realidade que o portador da patologia possui diante a vida.

Boneco com símbolos de dúvidas, simbolizando desordem de pensamentos.
As causas do Transtorno Obsessivo Compulsivo são de origem física e psicológica.

Vejamos algumas possíveis causas do TOC.

Fatores biológicos: traumatismo craniencefálicos, derrames, acidentes cerebrais, encefalites, Parkinson, Síndrome de Tourette, mudanças na fisiologia cerebral, herança genética.

Fatores Psicológicos: como citamos anteriormente, a associação do TOC com fatores psicológicos está diretamente ligada a forma que o paciente interpreta e educou-se diante de situações de ansiedade e compulsão. Fator pautado, principalmente na eficácia de tratamentos, sem intervenção medicamentosa, mas sim pela Terapia Cognitiva-Comportamental.

Além dos possíveis, agentes que propiciam o Toc, alguns profissionais associam o surgimento da patologia a contrastes sociais, além de efeitos colaterais a outras doenças.

Sintomas de TOC

Os sintomas do Transtorno Obsessivo Compulsivo, podem divergir entre obsessão, pensamentos, imagens e compulsões expostos em comportamentos ou pensamentos exagerados, em relação a situação que o individuo está inserido.

Causando uma grande angústia, ansiedade, repulsa e medo, pois a pessoa costuma criar associações de dano, risco ou perigo para si ou membros do seu ciclo familiar e de amigos.

Ao interpretarmos os sintomas do TOC, precisamos entender a dualidade entre obsessão e compulsão, respeitando a linha tênue entre suas características no portador da psicopatologia.

Obsessão

As pessoas com sintomas obsessivos costumam criar ideias (pensamentos), imagens, palavras, frases, número e rituais peculiares, dos quais a pessoa não possui controle sobre eles o que pode causar muita ansiedade e angústia, pois estes, por sua vez, podem ser de cunho sexual, violento ou iminência de morte entre outras coisas de modo repetitivo.

É comum que a pessoa seja invadida com pensamentos inapropriados, muitas vezes inaceitáveis e mesmo que tente muito, esta pessoa não consegue suprimir esses pensamentos incômodos.

Mulher sentada no sofá com feição de incômodo.
Mulher com pensamentos obsessivos e negativos.

E para alívio momentâneo, a pessoa acaba por criar rituais (compulsões), ou evita fazer coisas, como sair de casa (hesitação), para inibir o surgimento dos pensamentos ou suprimir o medo e desconforto.

Os comportamentos e pensamentos obsessivos podem ser os mais diversos, mas dentre os mais comuns temos:

  • Contaminação por doenças: pessoas com esse quadro tendem a realizar a higiene pessoal, de forma repetida e em excesso, como levar as mãos a ponto de machucá-las;
  • Perfeccionismo: as coisas devem estar perfeitamente simétricas, organizadas, revisadas e o paciente tende a refazer por mais que esteja perfeito;
  • Agressividade: atitudes impulsivas ou pensamento de ferir, agredir verbalmente;
  • Acumulação: tendências a guardar embalagem de objetivos, comprar o que não precisa e medo em desapegar de coisas inúteis.
  • Religião: medo excessivo de ter cometido um pecado, blasfêmia, sacrilégio ou coisas do gênero;
  • Pensamento mágico: a pessoa acredita que suas ações podem mudar o curso natural dos acontecimentos.

Compulsões

Os sintomas de TOC ligados a compulsão, tendem a favorecer comportamentos e ações físicas e mentais de modo repetitivo e metódico, seguindo padrões e regras bem definidas pelo paciente.

A compulsão nestes casos tende a ser uma resposta a obsessão, em uma tentativa direta de aliviar, mesmo que momentaneamente, os sentimentos provocados pelos pensamentos intrusos e indesejados que o portador do transtorno possui.

Para tal objetivo, as pessoas com o transtorno costumam praticar ações estranhas, como levar repetidas vezes as mãos, verificar as mesmas coisas dezenas de vezes, citar números ou frases padronizadas, ou simplesmente contar o número de letras em uma palavra, entre outras situações.

Lapes e Clipses de papel sobre a mesa.
Pessoas com TOC tendem a ter pensamentos e ações repetitivas, metódicas e estranhas.

Estes “rituais” costumam tomar um grande período de tempo, tornando a pessoa menos produtiva e afetando diretamente em sua qualidade de vida, além de poder facilmente evoluir para outros quadros.

Os quadros de compulsão considerados perigosos, são aqueles chamados de “hesitação”, quando, por exemplo, uma pessoa deixa de passar por uma rua, pois acredita que algo muito ruim pode acontecer ou não sai de casa, para evitar uma possível morte dele ou de terceiros. Esse caso pode provocar o isolamento, progressão para outros quadros psicológicos e incapacitação pessoal e profissional.

Dentre as compulsões mais comuns temos:

  • Lavar ou limpar algo para evitar contaminação ou doença;
  • Verificar algo repetidas vezes (por exemplo, verificar muitas vezes se trancou o carro);
  • Contar (por exemplo, repetir uma ação um determinado número de vezes);
  • Organização (por exemplo, organizar simetricamente os lapes em cima da mesa.).

Vale lembrar que a maioria das pessoas com TOC, também possui tanto obsessões como compulsões.

Como podemos perceber, os sintomas de TOC são diversos, costumam gerar transtornos e necessitam de tratamento, caso contrario o quadro tende a se agravar, afetando os relacionamentos pessoais profissionais.

Diagnóstico do transtorno (TOC)

O diagnóstico de TOC em sua grande maioria costuma ser tardio, isso devido ao desconhecimento sobre os sintomas da doença, bem como a vergonha por parte do paciente em relatar o caso ou a não aceitação.

Os pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo costumam ser diagnosticados cerca de 8 a 10 anos após o inicio do problema, fato que contribuir com o avanço da patologia, dificultando o seu tratamento.

Médico psiquiatra analisando paciente.
O diagnóstico de pacientes com TOC costuma ser tardio.

Além disso, o TOC costuma ocorrer em paralelo com outras psicopatologias. Cerca de 75% dos pacientes com TOC também possuem o diagnóstico de transtorno de ansiedade, entre 50 e 60% apresentam diagnóstico vitalício de depressão e 23 a 32% sofrem com transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo.

Tornando o diagnóstico precoce fundamental, ainda mais se pensarmos que 50% das pessoas com TOC possuem pensamentos suicidas e 25% destes já tentaram suicídio. Esse agravamento ocorre, pois, cerca de 15 a 20% dos pacientes, quando diagnosticados já possuem algum grau de depressão maior.

Com relação ao diagnóstico, o médico psiquiatra deve se atender ao tempo e os sintomas devem estar causando angústia e interferência direta na qualidade de vida do paciente.

Tratamentos TOC

O tratamento mais efetivo para TOC é à base de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos de recaptação de serotonina e a terapia cognitivo-comportamental (TCC) atuando com exercícios de exposição e abstenção de rituais e comportamentos.

Ambos podem ser aplicados separadamente, mas possuem maior efetividade quando aplicadas as técnicas em conjunto.

A seguir entenderemos a função de cada uma e o seu potencial de efetividade no tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Intervenção medicamentosa

Geralmente o médico psiquiatra, opta por utilizar primeiro a medicação a base de antidepressivos, visto que esta opção costuma funcionar muito bem em cerca de 40 a 60% dos pacientes.

Principalmente se considerarmos, que boa parte destes, possuem algum grau de outra psicopatologia, como depressão e ansiedade, além disso, o diagnóstico tardio, costuma trazer ao consultório, pacientes com a doença em um estágio mais grave.

O grande problema da abordagem por meio dos remédios é que estes não costumam eliminar os sintomas e podem provocar grandes efeitos colaterais, apesar de ser um método eficiente.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A abordagem por meio da Terapia cognitivo-comportamental, talvez seja uma das formas mais efetivas no tratamento do TOC, isso devido a sua linha de atuação, aplicando-se diretamente na exposição do ritual compulsivo e propondo uma reeducação diante do pensamento obsessivo.

Está metodologia se divide em duas esferas, sendo estas:

Comportamental: psicólogo e paciente elaboram uma lista dos comportamentos compulsivos da pessoa, por sua vez o profissional sugere exercícios a fim de expor e combater o descontrole diante do pensamento compulsivo.

Dessa forma ao longo do tempo, esta pessoa vai se habituando à adversidade que lhe causa o transtorno e aprenderá a lidar e resistir a isso com o passar o tratamento.

Cognitiva: o profissional neste momento possui o papel de ajudar a pessoa a identificar os pensamentos obsessivos e exagerados, e orientar e ajudar a reeducar a sua reação frente a eles.

O grande objetivo neste ponto é ensinar o paciente a questionar a veracidade, intensidade e grávida dos pensamentos que está tendo, bem como filtrar e redirecionar essa tensão gerada.

Conclusão

O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma psicopatologia que precisa ser levada a sério, não somente pelos hábitos considerados incômodos, mas também por seu quadro crônico que costuma progredir, sem o devido tratamento, podendo tornar a pessoa incapacitada para o convivo pessoal, escolar e profissional.

Além disso, o diagnóstico precoce tende a tornar o tratamento mais simples, curto e eficiente proporcionado qualidade de vida para a pessoa e seus familiares.

E o benefício mais importante é que mesmo a doença não tende cura, é perfeitamente possível levar uma vida normal com ela, famosos como Katy Perry, Penélope Cruz, Justin Timberlake e Megan Fox são a prova disso.

Por tanto, caso tenha se identificado com os sintomas e sinais do TOC, não exite em procurar um médico especialista no transtorno.

Precisa realizar o diagnóstico ou tratamento de TOC? Aqui no BoaConsulta você encontra os melhores psicólogos e médicos psiquiatras e especialistas em TOC, agende sua consulta online e seja atendido por videochamada ou presencialmente.

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